Ainda só ofereces brinquedos ao teu filho no Natal?

Eu adoro o Natal!

Eu adoro o Natal apesar de:

– Não ser uma pessoa religiosa.

– Não acreditar nem fazer o meu filho acreditar no Pai Natal [ Link ].

– Não ser uma pessoa muito consumista.

Mesmo assim eu adoro o Natal! Adoro toda a magia que se cria, as luzes, o ambiente, o frio, as músicas, os contos, as trocas de presentes e de afetos, o facto das pessoas estarem mais amigas umas das outras, enfim adoro o Natal.

 

É sobretudo uma excelente oportunidade para estimular valores como a fraternidade, a gratidão, o amor e a partilha. É também a altura do ano onde por norma estimulamos o melhor que há em nós. Todos os anos eu tenho a esperança que o espírito de Natal se arraste ao longo do ano seguinte.

Este seria o melhor presente de Natal que poderíamos desejar, que o espírito do Natal se mantivesse por todo o ano.

Hoje quero deixar-te uma dica de presentes de Natal diferentes em especial para o teu filho:

Este Natal, foca-te mais no ser do que no ter.

Não quero entrar aqui pela via da lamechice ao dizer que o Natal tornou-se demasiado comercial, mas de facto as crianças hoje em dia têm demasiadas coisas e recebem demasiados ‘presentinhos’ o ano inteiro. Para além disso quando chega o Natal são inundados de presentes, o que faz com que ao chegar ao dia de Reis já não manifestam muito interesse na maioria deles.

Quando era pequeno recebia presentes apenas três vezes por ano. Recebia no Natal, no meu aniversário e no Dia da Criança. Os presentes eram poucos pelo que para mim eram relíquias, autênticos tesouros que eu cuidava e brincava com muito cuidado e com um enorme sentimento de gratidão.

A minha proposta é que em vez de dares coisas, ou pelo menos tantas coisas, ofereças uma experiência. Uma experiência que o ajude mais a ser que apenas a ter. Não te preocupes pois estou certo que mesmo que tu não dês brinquedos ao filho este Natal, mesmo assim acredito que irá receber imensos brinquedos de outras pessoas.

Eu sei que à partida parece fazer mais sentido dar uma coisa tangível do que uma experiência, uma vez que a experiência é algo efémero ao passo que uma coisa é algo que fica. Se bem que nas mãos de uma criança talvez não fique em perfeitas condições durante muito tempo… 😉

Gosto sempre de me lembrar que nós não somos aquilo que temos e sim o resultado da mistura daquele grupo de pessoas com quem passamos mais tempo, dos livros que lemos e das viagens/experiências que fazemos.

Sempre que saio à rua com o meu filho, por norma ele tenta que eu lhe compre alguma coisa e em 90% das vezes eu digo-lhe que não, pois não tenho dinheiro para gastar com isso. Essa é a mais pura das verdades, eu não tenho dinheiro para constantemente lhe comprar coisas pequenas porque já o gastei ou ainda vou gastá-lo em experiências grandes e por isso apesar de ouvir vários adultos dizerem «coitadinho…», «tiveste azar pois calhou-te um pai forreta» entre outras pérolas, o facto é que ele tem apenas sete anos e já andou mais de uma vez de avião, uma vez de balão de ar quente, esteve bem perto de animais selvagens à solta, esteve no promontório mais alto da Europa entre tantas outras experiências que grande parte das pessoas provavelmente não fará numa vida. É tudo uma questão de escolhas e de abdicar dos prazeres pequenos para viver experiências extraordinárias.

Cabo Girao - Ainda só ofereces brinquedos ao teu filho no Natal?

Agora que o ano está prestes a terminar convido-te a fazer a seguinte reflexão:

Tiveste um ano cheio de pequenos prazeres cuja grande maioria já nem te lembras pois não tiveram um real impacto em ti, ou foi um ano em que tiveste algumas experiências que irão ficar na tua memória para o resto da vida?

Deixo-te aqui três dicas que servem como base para proporcionares experiências de Natal inesquecíveis ao teu filho e onde ambos poderão participar ficando ainda mais ligados.

1) Começa por escolher uma experiência que se ajuste ao teu orçamento actual.

2) Começa já a cortar radicalmente nas ‘coisinhas’ diárias. Lanches, cafés, bolos, chocolatinhos, coleções e brinquedos que estão agora na moda. Tem em mente que o teu filho não te está a pedir uma coisa que tem mesmo de a ter agora. Na maior parte das vezes ele está a pedir-te uma necessidade que a indústria criou para fazer vendas este trimestre. No próximo trimestre a indústria irá ter também a necessidade de efectar vendas, logo irá criar uma nova necessidade ao teu filho e é assim que o teu dinheiro vai desaparecendo ao longo do ano sem te aperceberes como e agora chegas ao Natal e começas a fazer contas à vida. Cabe-te a ti e ao teu filho escolherem qual a necessidade querem preencher, a dele ou a da indústria.

3) Junta todo esse dinheiro que deixaste de gastar ao valor que já pensavas dar-lhe de prenda de Natal e prepara uma experiência de Natal fantástica e que em familia pode ainda ser mais divertida e aumentar o tempo e conexão entre ti e o teu filho.

Que experiência é que achas que o teu filho gostaria de vivenciar? Será que é ver o mar? Será que é ir ao Oceanário? Será que é ir a um parque com animais à solta? Será que é ir ver e brincar na neve? Será que é passar uns dias acampado no meio da serra? Será que é andar num carro que também anda na água? Será que é ir ao seu primeiro concerto?

Há tantas experiências inesquecíveis e algumas delas nem sequer custam tanto dinheiro como alguns presentes de Natal que talvez já lhe tenhas dado em anos anteriores e que ele provavelmente já nem tem porque se partiram ou simplesmente porque já não gosta de brincar com elas.

Este Natal, em vez de um brinquedo, experimenta oferecer um postal com uma imagem da experiência que lhe vais oferecer e vais ver que ficas com dois dias mágicos, o Natal e o dia da experiência. Se quiseres oferece-lhe também um brinquedo, mas sugiro-te vivamente que apostes pelo menos metade das tuas fichas (Euros) numa experiência.

Porque o mais provavel é que daqui por algum tempo ele já não se lembre do brinquedo pois agora há um novo mais giro que ele deseja, mas a experiência vivida contigo será eterna e inesquecível.

O meu filho ainda hoje se recorda com carinho e fala de experiências que viveu com menos de 3 anos de idade. Isso faz-me acreditar que as experiências não são efémeras, pelo contrário podem até ser eternas pois ficam guardadas no nosso coração.

Desejo-te um Natal cheio de boas e inesquecíveis experiências com o teu filho. 

Monte Selvagem - Ainda só ofereces brinquedos ao teu filho no Natal?

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Com amor,

António

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2 comentários no post “Ainda só ofereces brinquedos ao teu filho no Natal?

  1. Gostei bastante do texto e identifico-me bastante com ele.
    Este ano decidimos ir ver a Cinderela no Gelo, os quatro, em familia, juntos, para nos namorarmos, ja que durante o ano não temos o tempo que gostaríamos, uns com os outros, pois eu e o meu marido tambem trabalhamos aos fins de semana.
    No entanto conseguimos ter momentos bons com os nossos filhos.
    Tambem nos aniversários somos comedidos com as prendas, damos sempre a escolher uma das opçoes: ou a festa com amigos ou um passeio a um sítio a escolha. Já fomos ao Oceanario, ao Fluviario, ao Jardim Zoologico, à Serra da Estrela brincar com a neve, à Isla Magica… enfim, a sitios que escolheram e gostaram. Também ja tiveram a sua festinha com amigos e da nossa parte apenas isso, os brinquedos ficaram à conta dos convidados 😉
    No Dia da Criança costumo dar uma pequena lembrança para marcar o dia e por norma, ou faço um brinquedo ou compro um mini mini brinquedo tradicional, como uma corda para saltar, um pião, um reco reco, um arco… algo diferente.
    Acho que as crianças deixaram de dar valor ao que vão tendo exatamente por isso, porque vão tendo sempre. Quantas e quantas vezes digo que não aos meus filhos, explicando exatamente o porquê desse não e quantas e quantas vezes ouvi esses mesmos comentários de “coitadinhos dos meninos”… Coitadinhos??? Porque lhes dou a escolher entre ter uma festa ou passear? Por descobrirem um brinquedo tradicional novo? Por descobrirem como se constroi um em vez de irem à prateleira do supermercado? Porque lhes ensino que o importante é quem somos e não o que temos? Ok… Daqui por ums anos voltamos a falar 🙂 😉
    Obrigada António


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