
Quando estás perto do teu filho e assistes a uma situação em que o teu filho se recusa a partilhar algo que é dele, o que pensas?
«Será que ele não é uma boa pessoa?»
«Será que eu não estou a conseguir passar-lhe os meus valores?»
«Será que não estou a ser uma boa mãe, ou um bom pai?»
Quando estás perto do teu filho e assistes a uma situação em que o teu filho se recusa a partilhar algo que é dele, o que fazes?
Tentas convencê-lo a partilhar?
Tentas obriga-lo a partilhar?
Retiras o objeto da mão do teu filho, entregas à outra criança e pronto?
Explicas-lhe com mais ou menos calma e tranquilidade que caso ele não partilhe irá ser castigado?
Há dois anos atrás aconteceu-me um episódio muito interessante que ao relatá-lo na minha página de coaching gerou um enorme debate sobre o tema com uma série de comentários, sobre a minha atitude perante tal situação.
Houve pessoas que acharam muito bem aquilo que fiz, houve outras que acharam muito mal aquilo que fiz e o mais interessante é que praticamente todas defenderam a sua posição com muito fervor, o que me faz concluir que é um tema que mexe muito connosco enquanto pais e educadores.
Neste artigo irei apenas relatar o que aconteceu e no próximo artigo [link] usarei este episódio para explicar a minha posição sobre o tema das partilhas bem como a minha visão do que nós como pais podemos fazer quando queremos filhos que saibam partilhar.
Há dois anos atrás estava na praia deitado a ver o meu filho a brincar com outro miúdo. A dada altura essa criança pediu-lhe para brincar com o seu carrinho de mão e o ele não deixou. O miúdo insistiu e começou a gritar mas o meu filho não quis emprestar o seu brinquedo. Logo depois o pai dessa criança vai ter com os dois e acontece este maravilhoso diálogo:
– Então meninos vamos lá a ser amigos se não acaba-se já com a brincadeira.
– Oh pai! Ele não me empresta o carrinho de mão dele!
– Oh menino, porque é que não emprestas o teu carrinho de mão?
– Porque não quero.
– Mas ainda há pouco estavas a brincar com a pá do Santiago.
– Sim, estava.
– Então se o Santiago te emprestou o brinquedo dele também deves emprestar o teu, não achas?
– Não.
– Não?! Porquê?
– Porque o Santiago quis emprestar a pá dele e eu NÃO QUERO emprestar o meu carrinho!
– Ah!… E achas isso correto?!
– Acho, ele faz aquilo que ele quer e eu faço aquilo que eu quero!
– Anda Santiago, vamos para o chapéu. Deixa esse menino ficar ai a brincar sozinho. Não vale a pena, já vi que os pais não o ensinaram a partilhar.
Ao ouvir esta pérola de boa educação e bons costumes, olho para o meu filho que continua tranquilamente a brincar sozinho, olho para o chapéu do senhor e vejo a sua companheira chamar-lhe à atenção pois falou demasiado alto e eu provavelmente deveria ter ouvido.
– Quero lá saber! – retorquiu ele – Se ouviu o que eu disse, também tinha ouvido o nosso filho a chorar porque o dele não lhe emprestava o carrinho. Se não gostou de ouvir, então que dê educação ao filho e já não ouve o que não quer!
Ao ouvir esta segunda pérola e vendo que o meu filho continuava tranquilamente a brincar, levanto-me e dirijo-me calmamente ao chapéu desta família. Ao chegar, ignorando completamente o homem, dirijo-me à mulher e num tom amável digo-lhe o seguinte:
– Boa tarde, podia emprestar-me o seu tablet por favor?
– Como?
– Sim, eu gostava de ver um filme.
– Desculpe mas não vou fazê-lo, o tablet é meu.
– Mas porquê? Podia partilhá-lo comigo – disse piscando o olho.
– Obrigada, já percebi… – respondeu ela com um sorriso.
Voltei para a toalha e passado cinco minutos já estavam os dois miúdos a brincar novamente.
Esta foi a minha contribuição de hoje para a Comunidade Pais Mais Ligados, agora quero ver a tua! Aproveita este artigo para manifestares a tua opinião ou até mesmo para abrires um debate sobre o tema. Acredito profundamente que te sirvo melhor se usar o meu tempo e energia a criar novos artigos que te ajudem a tornar numa Mãe ou Pai Mais Ligado. Por este motivo, não entrarei em debates nem poderei responder aos comentários, mas eu leio todos e ficarei muito feliz em ler o teu. Se este artigo fez sentido para ti, por favor partilha.
Com amor,
António
Adorei e de facto eu tento convencer a minha filha a emprestar… Mas… Pensado bem, será que estou a agir corretamente?!
Gostei da sua atitude…